19/08/2021 às 12:05 Além de um clique

Sobre o dia dela, a fotografia

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Oficialmente se comemora o Dia Mundial da Fotografia desde 19 de gosto de 1839, por que foi quando a primeira câmera fotográfica com um sistema moderno de fotografia permanente foi refinada e mostrada na Academia de Ciências da França, Paris. Seu nome Daguerreótipo é baseado justamente ao nome do seu criador Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851).

Daguerreótipo

O daguerreótipo se trata de uma imagem única e positiva, formada diretamente sobre placa de cobre, revestida com prata e, em seguida, polida e sensibilizada por vapores de iodo. Após ser exposta na câmera escura, a imagem é revelada por vapores de mercúrio e fixada por uma solução salina.

No entanto não podemos esquecer de Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833). Ele começou os estudos e experimentos. A primeira fotografia e a mais antiga (1826) “da janela” foi feita por Nièpce num processo chamado heliografia. Levou oito horas de exposição para ser realizada.

Nièpce usou um produto fotossensível chamado Betume da Judéia. Um material de baixíssima sensibilidade e por essa razão precisou de oito horas para que a fotografia fosse realizada. Ou seja, o tempo de exposição foi de oito horas. Oito horas que se passaram e estão condensadas nesta imagem. Por esse e outros fatores que vale discutir, desde o seu início, questões temporais envolve o tema fotografia e sua construção. Toda fotografia é uma condensação de fração de tempo.

Seguindo, vale um parênteses. Daguerre associou-se com Nièpce – que veio a falecer ainda em 1833 – ainda no meio de todo o processo da invenção, e após a partida do companheiro seguiu aprimorando o experimento, e digamos que teve outra boa sacada ao fazer seu marketing sobre a invenção.

Mas pesquisas e estudos comprovam que a técnica fotográfica já existia mesmo antes de todo este processo. Por exemplo, Roland Barthes – do livro A Câmera Clara – diz que quem inventou a fotografia não foram os físicos (o grande desafio da fotografia no começo era descobrir uma forma de fixar a imagem registrada numa superfície fotossensível), já que a câmara escura e a ótica são aparatos que já eram utilizados pelos pintores desde o Renascimento – séculos 16 e 17 -.

Fotografia realizada com Daguerreótipo

Antes ainda, já no século 15, o pintor Leonardo da Vinci descrevera o método e os efeitos da câmara escura. Da Vinci havia constatado que, se na janela de um quarto totalmente escuro fosse recortado um pequeno furo, a imagem do que estava do lado de fora da janela seria projetada na parede dentro do quarto. Porém, de cabeça para baixo. As proporções, no entanto, seriam reais e perfeitas.


O fato é que durante todo esse período estudo e pesquisas tínhamos tantos outros inventores trabalhando na descoberta, entre eles Hercule Florence (1804-1879), francês radicado no Brasil. Florence trabalhava na então Vila de São Carlos, hoje cidade de Campinas e realizou uma descoberta isolada da fotografia aqui no Brasil.

Com auxílio de Joaquim Correa de Mello, que era farmacêutico, Florence, em 1833, conseguiu fixar em papel a imagem captada por uma câmara escura, por intermédio de sais de prata. Processo esse similar ao que, sem seu conhecimento, era pesquisado na França havia alguns anos por Joseph Nicéphore Niépce e por seu sócio e sucessor, Louis Daguerre

Inclusive o nome fotografia foi ele quem criou. Hercule Florence usou em seus diários a palavra photographie em 1834, quatro anos antes de o químico inglês John Hershel cunhar o termo photography, como relata o historiador de fotografia Boris Kossoy, em seu livro 1833: a descoberta isolada da fotografia no Brasil.

NO BRASIL

Aqui no Brasil a data também é referenciada no dia 8 de janeiro, por que foi o dia que o daguerreótipo chegou ao país, em janeiro de 1840. Louis Compte trouxe a invenção e apresentou no Rio de Janeiro para o Imperador Dom Pedro II.

Como sede do Império, a cidade do Rio de Janeiro foi então a capital da fotografia no Brasil. Dom Pedro II, entusiasta da nova invenção, foi retratado por diversos fotógrafos, entre eles Marc Ferrez (1843-1923) e Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912). 

19 Ago 2021

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