06/07/2017 às 23:22 Entrevistas

“A qualidade será sempre a rainha e isso não se obtém com a quantidade”. - Entrevista com o fotógrafo Walter Firmo

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Ele é um dos mais premiados fotógrafos no Brasil e no exterior. Em seu vasto currículo ele coleciona prêmios internacionais e tantos outros - como por exemplo, o Prêmio Esso e nove prêmios Nikon -, além de exposições pelo mundo inteiro e livros publicados - "Trilhas do Rosa", pela Editora Scritta com o jornalista Fernando Granato; FIRMO, pela editora Bem-Te-Vi e “Paris, parada sobre imagens”, editado pelo Ministério da Cultura/Funarte -.

Carioca,  começou a carreira profissional de fotógrafo em 1957, no jornal Última Hora. Considerado um dos principais fotógrafos coloristas e com uma visão extremamente poética, conferia a seguir entrevista com ele...Walter Firmo.

1- Aos 20 anos de idade você começou fotografando no jornal Última Hora. Você acredita que o fotojornalismo deve ser a base e o início para começar na fotografia ou não necessariamente?

Pensava que sim, mas hoje penso que não necessariamente. Isto porque dependendo do seu perfil - retrato, paisagem, foto aérea, etc - você pode se distinguir fotografando essas diferenças sem ter que passar pelo fotojornalismo que é uma ação bem mais objetiva no trato de justificar uma verdade verdadeira.

2- Como você vê o atual momento da fotografia com tanta tecnologia envolvida e um enorme volume de informação à disposição?

Acho que embora todo mundo fotografe hoje, a qualidade será sempre a rainha e isso não se obtém com a quantidade. Mas o resultado na fotografia digital de quem tem um olhar diferenciado e deseja fazer sempre o melhor usando a técnica e a emoção vai se dar bem, porque o mundo fantástico digital é tudo de bom, pois facilita suas descobertas.

3- Aliás, como e quando você fez esta transição do analógico para o digital?

Normal. Sem angustias e precipitações. Sempre digo que enquanto houver máquinas e um homem para pensar, julgar e conceber, o equipamento é apenas um desvelo. Sem o cara nenhum engenho é nada.

4- A partir de que momento percebeu que suas imagens estavam mais carregadas de poesia ou sente que foi sempre assim desde o começo no fotojornalismo?

Realmente o que me levou a fazer jornalismo fotográfico foi a audácia de naqueles tempos inovar a noticia qualificando-a poeticamente, trabalhando a luz, o encantamento do espaço dialogando com a composição.

5- Você é conhecido como o maior fotógrafo colorista - já ganhou cinco vezes o concurso Nikon de Fotografia na categoria Cor. – Foi um estilo que você focou ou foi acontecendo naturalmente.

Acho que todo estilo será inconfundível porque é a marca do artesão. É o que determinará a diferença.

6- O que diz e representa para você a cor na fotografia?

A cor é a fantasia. E se a vida é séria e às vezes pesada, porque não trabalhar a ilusão.

7- Fale um pouco do Workshop “Universo da Cor”.

O workshop "Universo da cor" é uma viagem cromática pelo mundo sensível da fantasia, onde os personagens humanos que habitam nosso planeta transformam-se em atores da nossa lira. É quando se abre o pano de boca desse grande teatro que representa a vida cotidiana e vulgar que envolve a vida das pessoas. É quando uma simples pedra bruta se transforma numa doce ilusão tangida pela força da luz meridiana e solar. É quando todo seu sensível se desloca a obter interpretando a qualidade das coisas, dos fatos, interpretando de forma especial "a vida como ela é".

8 - Essa pluralidade e riqueza que o Brasil possui de crenças, raças, culturas é uma fonte natural para o tema cor. Teria alguma dica para o fotógrafo deixar o olhar ainda mais artesanal na captura destas imagens?

Sensível todos somos e aqueles menos favorecidos será devidamente lapidado com as sucessivas aulas do workshop  ensinadas na projeção do meu sensorial arquivo de tantos anos de trabalho pelo Brasil afora.

9 – Entre tantas fotos marcantes que já realizou, a que você fez do mestre Pixinguinha é sempre lembrada e comentada. Conte um pouco sobre a história de como aconteceu esta fotografia.

Fui simplesmente escalado pelo chefe de redação da revista Manchete para ir ao bairro suburbano de Ramos fotografar o mestre Pixinguinha. Chegando lá na sua casa percebi sua cadeira de balança em que ele sentado atendia ao repórter que o entrevistava. Percebi que no seu quintal tinha uma frondosa mangueira salpicada de folhas no chão. Esperei a fim da entrevista e roubei sua formosa cadeira colocando-a debaixo da arvore referida. Foi um show a sessão de fotos em que ele, sentado a meu pedido, segurava seu instrumento de trabalho, seu glorioso saxofone. Percebi naquele momento que aquela foto seria minha historia.

10 -Na sua opinião o que caracteriza uma boa fotografia?

Depende muito do que você considera uma boa foto. Isto por que, se for uma imagem tradicionalmente jornalística ela terá um valor. Se for de outra estirpe terá outro valor agregado e assim por diante.

11- Deixe uma mensagem para os fãs do seu trabalho, leitores e amantes da fotografia.

Que jamais desconsidere seus fotografados, pois eles são as principais flores desse jardim de descobertas. Sejam solidários e receptivos.

06 Jul 2017

“A qualidade será sempre a rainha e isso não se obtém com a quantidade”. - Entrevista com o fotógrafo Walter Firmo

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